sábado, 22 de agosto de 2009

PLIOMETRIA E TREINAMENTO FUNCIONAL

Você é o que você treina!

Com certeza vocês já ouviram esta frase, mas muitas pessoas ainda não tem idéia do peso que representa isso. Acreditar que ao sair da disciplina de treinos e pular etapas, a possibilidade de êxito ao final do treinamento é uma idéia totalmente enganosa.

Portanto, o ideal para melhorar o desempenho atlético é um sistema de treinamento bem organizado. Ou seja, seguir o conceito de periodização (que já foi citado neste blog) favorecerá a sua adaptação às exigências específicas do desporto.

Bompa (2004) cita que um atleta pode ser muito forte, mas não tão potente, e isso pode ser confirmado por outros autores da ciência do treinamento desportivo. Estes ganhos de força somente podem ser transformados em potência através de métodos específicos de treinamento. Nesse caso, apresento para aqueles que não conhecem, o método pliométrico de treinamento.

Talvez você nem saiba, mas já praticou exercícios pliométricos na sua infância, principalmente quando brincava de amarelinha, ou então de elástico ou pula cela. Todas essas brincadeiras envolvem os conceitos da pliometria, que significa um reflexo miotático (ciclo de alongamento-contração). Os primeiros estudos sobre a plimoetria foram realizados por Verkhoshanski entre 1967 e 1968, sendo que ele percebeu que os exercícios aumentavam a potência explosiva dos atletas.

O resultado final da pliometria é desenvolver força explosiva e reações mais rápidas baseadas na melhora da reatividade do Sistema Nervoso Central (SNC). Portanto, para os esportes que envolvem a contração excêntrica, este tipo de metódo de treinamento contribuirá muito para o desenvolvimento do atleta.

Pensando agora o Treinamento Funcional existe um grande movimento por parte da mídia, relacionada ao mundo fitness, sobre as possibilidades que este tipo de treinamento pode oferecer aos seus praticantes. Mas é necessário deixar bem claro que este tipo de ginástica existe há muitos anos. Portanto, não pode ser uma propriedade de uma marca ou algo parecido como se tem habitualmente visto pelos ambientes das academias ou eventos sobre atividades físicas.

O treino funcional somente atinge seus objetivos quando sua prática torna-se funcional para o praticante, ou seja, para o corredor, seja ele de provas rápidas ou longas deve proporcionar estabilidade e potência. Isto quer dizer que a especificidade torna o treino funcional, e não que todo o exercício serve para o corredor.

Os materiais que são utilizados durantes estas aulas são as Bolas Suíças (também conhecidas como Fit ball, ou então como Bola Bobath - originário da fisioterapia), as pranchas de equilíbrio, os bancos de diferentes alturas (também utilizando "steps" para a realização dos exercícios), as Medicine Balls, Kettlebells, elásticos, entre outros aparelhos. É inegável que a utilização destes equipamentos favorecem o desenvolvimento de força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e propriocepção, mas como em qualquer outra prática física atingem determinado platô de treinamento. O que vai contar de diferencial é a criatividade com o qual o profissional habilitado tende a trabalhar com o seu aluno e/ou atleta.

No treino personalizado, a utilização de práticas funcionais e pliométricas estão presentes, pois os objetivos são melhor direcionados. Entretanto, na academia, as aulas de ginástica funcional visam outra perspectiva. Melhor explicando, quando um aluno ou atleta chega até mim e deseja ter uma melhor performance em determinada prática esportiva, isto já representa um objetivo bem direcionado. Na academia, a definição do corpo - seja no aumento da composição corporal, ou na redução da mesma - visando a estética em primeiro lugar trata-se de um objetivo mais amplo e que depende de diversos fatores, sendo que o treino funcional não poderá suprir todos eles.

Isto não quer dizer que na academia não seja possível buscar uma melhor performance, mas as aulas oferecidas são mais genéricas e não tão direcionadas a determinados objetivos. Quem tem objetivos já determinados não pode exceder em práticas que possivelmente não servirão para melhorar seu desempenho no esporte.

Semana passada, lendo o blog do professor Denilson Costa, do Rio de Janeiro, que abordou o tema do treino funcional com bastante propriedade. E faço minha a opinião deste profissional. Falta de orientação específica para treinamento específico de atletas de alto rendimento e a pressão que o mercado do fitness impõe para os seus consumidores faz com que a onda do treinamento funcional torne-se uma moda nas academias. Acontece que este tipo de treino existe há milênios e não é tão novidade assim, pois trata-se de uma prática ginástica.

A orientação que dou para os meus atletas e alunos é a seguinte: "Pensem e vivenciem suas atividades durante seus treinos. Não façam da atividade física uma prática alienante. Se algo não combina é porque necessita de reformulação. Fazer por fazer não irá trazer benefícios úteis para o seu histórico esportivo".

Abraço a todos e bons treinos!


BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

BOMPA, T. O. Treinamento de potência para o esporte. Phorte. São Paulo, 2004.
COSTA, D. Blog Força Pura. Disponível em: http://dcpurepower.blogspot.com/2009/06/contextualizando-o-treinamento.html?showComment=1245073823478#c3344931485118513546

Um comentário:

  1. Ótimo texto professor! Parabéns! Tirou-me diversas dúvidas acerca do tema!

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